Geração Z pode desempenhar papéis significativos na transformação da sociedade nas próximas décadas

Com habilidades, oportunidades e perspectivas únicas, parte desse público pode estar preparado para liderar mudanças no futuro.

Autor: Luis Henrique Mendonça*
Editora: Prof. Larissa Bezerra

A Geração Z, composta pelos jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, tem a possibilidade de desempenhar papéis significativos nas próximas décadas. Grande parte desse grupo, que cresceu em um mundo globalizado e cada vez mais conectado, traz consigo características e habilidades que o tornam capaz de enfrentar os desafios do futuro. Com habilidades como facilidade de lidar com adversidades, engajamento social e domínio da tecnologia, os jovens da Geração Z podem moldar e transformar a sociedade.

Inovação como característica
No Brasil, atualmente, 30 milhões de jovens adultos, adolescentes e crianças configuram a Geração Z, representando 26% da população, segundo o IBGE. Essa geração é conhecida por buscar constantemente oportunidades de negócios e inovação.

Estima-se que cerca de 65% dos jovens da Geração Z almejam empreender e criar seu próprio negócio no futuro, de acordo com a multinacional Kantar. Parte desse grupo cresceu em um ambiente onde a tecnologia está em constante evolução, permitindo a exploração de paixões e transformação delas em empreendimentos lucrativos.

Com acesso a recursos e conhecimentos on-line, esses jovens podem adquirir a capacidade de criar startups e negócios empresariais, impulsionando o crescimento econômico e a transformação dos setores. “Uma parte bacana dessa geração é o empreendedorismo digital, onde os jovens conseguem usar da melhor forma a tecnologia e, principalmente, as redes sociais, para lançamentos de comércio eletrônico, utilização de ferramentas digitais e no desenvolvimento de suas ideias, tendo um impacto muito significativo até mesmo com questões empresariais, sem precisar ficar se locomovendo”, diz Paulo César, acadêmico de Ciência da Computação.

Além disso, a “Geração do iPhone”, como alguns estudiosos se referem, é conhecida por seu engajamento social e ativismo. Esses grupos de jovens se preocupam com questões como igualdade de gênero, justiça racial, mudanças climáticas e direitos humanos. Usando as mídias sociais e outras plataformas on-line, eles amplificam vozes e mobilizam comunidades em torno de causas importantes. Cerca de 76% dos jovens da Geração Z estão engajados em alguma forma de ativismo, seja on-line ou presencial, conforme a organização DoSomething Strategic. Assim, essa geração pode estar pronta para liderar movimentos e iniciativas que buscam promover uma sociedade mais justa e sustentável.

“O ativismo on-line foi muito impulsionado nos últimos tempos, onde a grande maioria dos jovens consegue ter uma voz muito forte na internet. Com isso, o ativismo acaba se tornando muito enraizado em nosso cotidiano”, diz Paulo César. O estudante de Ciência da Computação, entusiasta do ativismo on-line e bastante ligado à tecnologia, destaca que esse tipo de militância permite que jovens superem barreiras geográficas e culturais, conectando-se com pessoas de diferentes partes do mundo que buscam os mesmos ideais e desejam promover mudanças positivas.

No entanto, Paulo também acredita que estar presente na internet dessa forma tem seus desafios. Com a facilidade de compartilhamento, também há espaço para a manifestação de notícias falsas e desinformação, por isso, é importante que os jovens sejam críticos em relação às informações que encontram on-line e verifiquem a veracidade sempre.

Habilidades tecnológicas e inovação digital
Criados em uma era digital, os jovens da Geração Z podem ter uma vantagem significativa em termos de habilidades tecnológicas e inovação digital. A Global Web Index estima que 92% dos jovens desse grupo possuem smartphones e estão constantemente conectados à internet. Eles estão familiarizados com o uso de mídias sociais, aplicativos e outras ferramentas tecnológicas desde cedo. Essa geração tem uma compreensão do mundo digital e pode ajudar em avanços nas áreas da robótica, inteligência artificial, realidade virtual, entre outras.

Por outro lado, Gustavo Queiroz, estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, aponta que a inovação tecnológica nem sempre traz informação de qualidade. “Todos nós estamos conectados, porém pouquíssimos jovens possuem esse cuidado com a tecnologia e acabam ficando muito vulneráveis por existir, em nosso planeta, uma desigualdade de conhecimento gritante.”

Além disso, Gustavo ressalta que a falta de cuidado com a segurança da informação pode deixar os jovens expostos a diversos tipos de ameaças, como roubo de identidade, invasão de privacidade, ciberataques e até mesmo extorsão. Além disso, eles podem se tornar alvos fáceis para golpes virtuais e fraudes on-line e até mesmo de grupos extremistas.

Pensamento Crítico e Adaptabilidade
Esses grupos mais jovens destacam-se por seu pensamento crítico e adaptabilidade, características que os tornam capazes de enfrentar os desafios do mundo atual. Alguns jovens têm a habilidade de questionar as normas protegidas, analisar informações de maneira crítica e podem até facilitar a busca por soluções criativas para problemas complexos. Além disso, eles são flexíveis e capazes de se adaptarem a mudanças rápidas, permanecer dispostos a aprender e se desenvolverem continuamente.

Dados da McKinsey & Company mostram que aproximadamente 75% dos jovens da Geração Z consideram o pensamento crítico como uma habilidade essencial para o sucesso no futuro. Essa capacidade de avaliar informações, identificar preconceitos e formar opiniões fundamentadas é crucial em um mundo em constante transformação.

Ítalo Bezerra, estudante de Filosofia, destaca a importância do pensamento crítico na sociedade atual. “Acredito que criamos uma sociedade preguiçosa, que não pensa. Vai se criar um grupo de pessoas que simplesmente aceitam coisas e não questionam.” Ele ressalta que é fundamental questionar as informações e ideias que são adquiridas, evitando a aceitação passiva e estimulando uma reflexão profunda.

O pensamento crítico pode ser uma valiosa contribuição para o futuro. Esses jovens que consideram o ato reflexivo essencial, têm o potencial de promover mudanças significativas, questionando as estruturas existentes, propondo novas soluções e buscando uma sociedade mais justa e sustentável.

A importância de apoiar e capacitar a Geração Z
Para que a Geração Z possa desempenhar esses papéis importantes, é crucial que haja apoio e capacitação adequados. As instituições educacionais, governos, empresas e comunidades podem fornecer melhores recursos, mentorias e oportunidades para os jovens desenvolverem seus talentos e liderança.

Também é fundamental a integração e projetos que possam dar oportunidades para jovens talentosos que não tem as mesmas condições e acessos e, assim, diminuir as desigualdades e aumentar a participação das juventudes na vida social. De acordo com a Unicef e a União Internacional das Telecomunicações, em 2020 apenas 37% dos jovens entre os 15 e os 24 anos em todo o mundo tinham acesso à internet em casa.

O apoio também deve se estender às outras gerações, que podem se beneficiar do conhecimento e habilidades tecnológicas dos mais jovens. A troca de experiências e a colaboração intergeracional podem ser fundamentais para o desenvolvimento e crescimento conjunto.

*Olá, me chamo Luis Henrique, tenho 21 anos e sou natural do Rio de Janeiro-RJ. Moro em Pernambuco há 7 anos e estou vivendo constantemente um sonho de ser um jornalista, em formação pela UniCesumar. Apaixonado por comunicação, tenho no jornalismo a possibilidade de viver do que amo.