Uso excessivo de internet pode afetar vida de crianças e adolescentes

Segundo especialistas, as redes podem influenciar até mesmo o sotaque dos pequenos.

Autora: Maria Vital*
Editora: Prof. Larissa Bezerra

Com a pandemia de Covid-19, o mundo esteve em um cenário caótico, no qual a vida de toda a sociedade foi afetada, e as pessoas já não tinham rotinas bem definidas. Para as crianças não foi diferente. Elas ficaram sem contato com os colegas e faziam tudo pela internet, portanto, estar conectado se tornou um hábito.

Segundo uma pesquisa do TIC Kids Online Brasil (publicada em 2022 pela Agência Brasil), em 2019 (antes da pandemia), 89% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos possuíam acesso à internet no país. Após a pandemia esse número cresceu, e em 2021, o estudo aponta que 93% dessas crianças possuíam acesso à internet.

Hoje, é possível ver as consequências do acesso exagerado das crianças nas redes. A diretora de uma escola municipal de Sarzedo em Minas Gerais conta que viu uma grande mudança no comportamento das crianças. “Quando eles retornaram da pandemia, nós recebemos crianças sem limites, sem saber socializar, que não sabem se comunicar, introspectivas. Ficaram muito tempo dentro de casa conversando com a tela de um telefone, e a hora que chegou de volta para a escola elas não souberam se adaptar”.

Segundo a diretora, durante a pandemia, a escola adaptou as aulas on-line, e que o desempenho dos alunos não era o mesmo, já que a distração por outros assuntos tira o foco dos estudos. A instituição não conseguiu atender nem 70% dos estudantes. Atualmente, os discentes têm aplicado os conteúdos de forma lúdica, com atividades que trazem a ressocialização. Assim, os estudantes interagem entre si, aprendem uns com os outros e recobram comportamentos éticos-sociais que ficaram dispersos durante a pandemia.

Além de toda essa dificuldade de adaptação na volta às aulas, algumas cenas chocaram o país, com ataques em escolas nos quais, na maioria dos casos, os assassinos eram jovens, que segundo diversos especialistas do tema, são incentivados em fóruns nas redes sociais a cometerem esses crimes.

Imagem ilustrativa. Fonte: Pixabay

Kellem, mãe de uma criança de 11 anos, também sentiu as mesmas dificuldades narradas pela diretora.  Ela conta que recentemente teve que restringir o uso do celular, pois percebeu que prejudicava seu filho na escola e no comportamento. “Ele começou a ficar agressivo, porque começou a virar uma rotina para ele, já acordava querendo celular, chegava da escola e queria o celular. Estava ficando nervoso e viciado no celular e no jogo em si.”

A mãe conta que antes do uso do celular, o filho tinha resultados excelentes nas notas da escola. Depois do contato frequente com o aparelho, o desempenho escolar caiu, e o próprio aluno se sentiu frustrado com os resultados ruins. Após os limites impostos, Kellem viu as notas melhoraram e seu comportamento também. Atualmente, um hábito da família é todos se sentarem juntos na mesa na hora das refeições, sem o uso de aparelhos tecnológicos e a internet passou a ser usada com mais frequência somente nos fins e semana e para pesquisas das atividades da escola.

Com o uso habitual da internet, a socialização entre as crianças está cada vez mais escassa. Ambas as entrevistadas afirmam que no período em que as crianças possuem mais acesso aos celulares, há uma mudança significativa na forma de se comunicarem. Além disso, segundo especialistas, pode haver mudanças até mesmo no sotaque das crianças dependendo dos conteúdos que elas assistem, por ter uma mescla de sotaques de regiões diferentes do país.

É notório o quanto o uso da internet sem limites afeta as crianças. Por isso, é necessário que os pais estejam vigilantes nos conteúdos acessados e no tempo de uso. É preciso ensinar o autocontrole para que a utilização de tecnologia seja algo que os beneficiem na área escolar, familiar e profissional. Além de mostrar a importância da vida em sociedade e o quanto o contato com as pessoas pode agregar na experiência de vida, gerar ensinamentos e ampliar horizontes.

Saiba mais

*Eu sou a Maria Vital, tenho 19 anos e, desde criança, sempre fui comunicativa e me descobri nesta área. Ao ingressar na faculdade e em um trabalho voluntário pude me desenvolver mais. O que me chamou a atenção no jornalismo é ter a oportunidade de levar informações às pessoas de forma diferente.

3 thoughts on “Uso excessivo de internet pode afetar vida de crianças e adolescentes

  1. Maria Vital, venho para te felicitar pelo excelente trabalho feito nessa matéria que produziu já logo na estreia do jornal!!

    Comunicação clara através da narrativa com texto bem elaborado além do tema abordado que condiz com a realidade vivida no momento.
    Esse trabalho inicial veio para mostrar que teremos nas próximas matérias, um trabalho sério de qualidade e dedicação.
    Deus lhe abençoe Maria Vital lhe dando sabedoria cada dia mais!

  2. Excelente trabalho abordado. O tema abordado mostra a triste realidade que vivemos nos dias de hoje e às consequências que o uso excessivo pode trazer as nossas crianças. Parabéns Maria Eduarda!

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