Nesta reportagem, você descobre os segredos por trás dos “hits” e o processo criativo de uma música.
Autor: Altemar Matos
Editora: Prof. Larissa Bezerra
Você já se perguntou como nasce um hit, um sucesso que emplaca, empolga e envolve a massa? Aquela música que gruda na cabeça, embala seus dias e faz você dançar sem parar, refletir e muitas vezes se emocionar?
O mundo criativo dos produtores musicais é um universo onde eles sentem o ‘feeling‘, captam as ideias e mergulham na criação em busca da originalidade que leva ao sucesso. A concepção inicial, a escolha dos tons empolgantes e o desenvolvimento por trás desse processo envolve e arrasta multidões. Por isso, cada detalhe é crucial no desenvolvimento de uma música que conquista o público.
Parte muito importante nesse processo, estão DJ Betinho e Leonardo Gomes, produtores envolvidos na criação e participação desde a ideia inicial do artista até a representação do produto, a música.
Este processo é mais do que apenas uma ideia inicial, pode ser comparado a um “esqueleto” que sustenta o seu desenvolvimento. Não é uma jornada simples. A criação de arranjos e a escolha de tonalidades – que podem parecer estranhas ou até assustadoras ao público – são elementos essenciais da criação musical.
“A música é um conjunto. Ela é a letra, harmonia, começo, meio e fim”, destaca Leonardo Gomes.
A composição de uma música vai além da escrita e inclui a elaboração das rimas e das ideias. Estes são apenas aspectos que abrangem diversos fatores na busca pelo resultado desejado para cada projeto e na identificação do público-alvo, ou seja, para quem a música é direcionada.
Processo criativo
Na criação musical, diversos elementos influenciam na entrega da música e, nesse cenário, produtores desempenham um papel crucial ao direcionar, dar vida e transformar ideias em sucessos musicais. Como expressou Leonardo Gomes, um experiente produtor musical com quase uma década de trajetória, enfrentar desafios é parte integrante tanto para os artistas quanto para os produtores, na busca por emplacar sucessos, em vários gêneros musicais, do rap ao gospel.
DJ Betinho, da RR Studio, investiga o histórico do artista que o procura, buscando compreender o processo criativo, desenvolvimento, perspectivas e expectativas para um resultado satisfatório antes da gravação. Esse processo funciona como uma entrevista ou uma troca de ideias, visando alcançar o resultado desejado no processo de produção.
Ele produziu, em parceria com DJ WR, a música Imbatível, sucesso na voz do MC Lele JP, funkeiro paulista da zona norte de São Paulo. A música alcançou mais de 50 milhões de visualizações no Youtube e mais de 24 milhões no Spotify.
Tanto para DJ Betinho quanto Leonardo Gomes, na produção, eles enfrentam desafios comuns a qualquer profissão. As numerosas ferramentas tecnológicas não apenas ajudam, são partes essenciais, agregando valor ao resultado esperado. O maior desafio reside em guiar os artistas qualitativamente. Alguns chegam despreparados, sem experiência vocal, tonal ou musical adequada.
O uso estratégico de recursos tecnológicos leva o artista ao ápice, a fama nacional e reconhecimento mundial, embora possa limitar sua performance ao vivo, sendo quase totalmente dependente de tal ferramenta. Alguns, em performances no palco, utilizam muito o autotune, que consiste em melhorar a performance vocal, mascarando e disfarçando a voz real do artista.
Na criação, no entanto, há uma variedade de fatores e equipamentos essenciais para reproduzir o esperado como computadores, softwares, monitores de referências, microfones dinâmicos e condensadores, compressores, além de todo um preparo de ambientação dentro da sala onde é instalado o estúdio de gravação, edição e mixagem de uma música. A própria Inteligência Artificial vem sendo uma ferramenta muito utilizada.
“Conciliar a IA com o conhecimento que já tem dentro da produção acaba somando no processo e no resultado final de uma música”, destaca DJ Betinho.
O cenário fonográfico atual se manifesta de maneira completamente distinta em comparação há décadas, quando a música era consumida através de vinil, fita K7, CD e MP3.
Mercado Brasileiro de Música em 2023
O mercado musical brasileiro apresentou um crescimento significativo em 2023, com um aumento expressivo tanto nas vendas digitais quanto físicas. De acordo com dados divulgados pela Pró-música Brasil, o setor registrou um faturamento de R$ 2,5 bilhões, refletindo um crescimento de 14,5% em relação ao ano anterior.
Além das vendas, a arrecadação de direitos conexos de execução pública para produtores, artistas e músicos somou R$ 336 milhões, um aumento de 4% comparado a 2022. O número demonstra uma valorização contínua dos direitos autorais e conexos no país, evidenciando a importância da proteção e remuneração justa dos profissionais do setor.
Outro destaque foi o aumento expressivo das receitas de sincronização, que atingiram R$ 14 milhões, um salto de 87% em comparação ao ano anterior. As receitas de sincronização referem-se ao uso de músicas em anúncios publicitários, filmes, programas de TV e outras mídias visuais, mostrando uma maior demanda e valorização das produções musicais brasileiras em diversos formatos.
O mercado total de música no Brasil alcançou R$ 2,9 bilhões em 2023. Este valor indica que, em termos nominais e em moeda local, o setor mais que triplicou seu faturamento nos últimos seis anos, passando de R$ 929 milhões em 2017 para o montante atual.
Este crescimento reflete não apenas o aumento no consumo de música pelos brasileiros, mas também a adaptação e inovação da indústria musical em resposta às novas demandas do mercado digital. Com o avanço das plataformas de streaming e o fortalecimento das políticas de direitos autorais, o Brasil se consolida como um dos mercados musicais mais promissores e dinâmicos do mundo.
No streaming
O Spotify divulgou seu relatório anual de economia musical, Loud & Clear, destacando avanços significativos em 2023. Pela primeira vez, artistas independentes e contratados por gravadoras independentes representaram metade das receitas geradas no Spotify.
O relatório também destaca um crescimento na receita gerada por artistas independentes, que quadruplicou desde 2017, e celebra o sucesso variado de um número maior de artistas na era do streaming.
DJ Betinho e Leonardo destacam a existência de muitos artistas e músicas com grande potencial que permanecem nos bastidores do mercado fonográfico digital. Eles comparam esses talentos a estar “na geladeira”, sugerindo que as plataformas de streaming não estão impulsionando suficientemente novos artistas rumo ao sucesso. Eles acreditam que os algoritmos dessas plataformas poderiam ser mais favoráveis para promover uma maior diversidade de talentos.
