Mais de 60% da população pode sofrer com dor no nervo ciático, segundo a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira

O maior nervo do corpo humano pode inflamar em consequência de longas horas na mesma posição, sem nenhum tipo de atividade física.

Autora: Débora Correia*
Editora: Prof. Larissa Bezerra

Um espirro e travou. Foi assim que o empresário Sidinei Tabaquini, de 47 anos, ficou com a coluna travada enquanto se preparava para uma partida de futebol em um fim de semana. Após o incidente, ele não conseguiu voltar para a posição normal e, consequentemente, participar da atividade. Depois de 4 dias de dor intensa, que lhe causava até mesmo ânsias de vômito, ele buscou ajuda médica.

O contratempo de Sidinei era dor no nervo ciático, um problema que pode atingir 60% da população, como pontua a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira. O sedentarismo e longas horas sentado contribuem para esse índice.

Durante o auge da pandemia, o trabalho remoto foi a opção segura para evitar a circulação de pessoas e a transmissão do vírus. No entanto, essa modalidade, dentre outras situações, contribuiu para um aumento de 36% do sedentarismo,segundo uma pesquisa elaborada pela Mercer Brasil sobre o trabalho remoto e flexível. A pesquisa apontou, ainda, que apenas 22% das empresas fizeram algum tipo de estudo para entender como a pandemia causou impacto no bem-estar dos colaboradores.

Foi justamente o sedentarismo que causou diversos problemas para Marta Regina Oliveira Lazareti, de 56 anos. Ao longo de sua vida profissional, sentiu o nervo inflamar e doer diversas vezes. “Eu tive uma crise muito forte trabalhando, saí do trabalho carregada e desci para o pronto-socorro. Na época, ainda bem, trabalhava em um hospital”, conta.

O ciático é o maior nervo do corpo humano. Começa na parte inferior das costas e vai até o pé. Ele é responsável pelas conduções nervosas que trazem a sensibilidade das estruturas óssea e muscular, assim como a atividade motora. A dor ciática é uma neuralgia chamada ciatalgia, geralmente causada por uma inflamação ou compressão em alguma parte do nervo.

Imagem ilustrativa do percurso do nervo ciático no corpo humano. Fonte: Freepik

Como esse nervo inicia entre as vértebras da coluna, é comum, entre pessoas que passam muito tempo sentadas, o surgimento de dores na região lombar, que podem chegar até a região do glúteo, descer para a coxa e chegar aos membros inferiores. As causas mais comuns dessas dores são o excesso de peso, a falta de exercício físico e o hábito de permanecer muitas horas sentado de forma incorreta, mas podem também ser causadas por hérnia de disco. Esse foi, inclusive, o diagnóstico dado pelo médico de Sidinei Tabaquini.

O médico que atendeu Sidinei sugeriu exercícios de fortalecimento na academia, com acompanhamento de perto pelo instrutor, para evitar movimentos que pudessem prejudicar o processo de melhoria da inflamação no ciático. Já, para Marta, doses de medicamentos injetáveis foram os recursos iniciais para tratar as dores. Posteriormente, por orientação do ortopedista, também iniciou exercícios de fortalecimento por meio do pilates que, de acordo com ela, melhoraram a sua qualidade de vida.

A fisioterapeuta Edivani Ferreira Pinheiro, diz que é necessário investigar o motivo que leva à inflamação e à dor no nervo ciático. “Pode ser uma má postura, excesso de peso, ou uma contratura muscular”. A profissional pontua que, além da fisioterapia, exercícios como pilates promovem o fortalecimento da musculatura e o alongamento do nervo.

Ela mostra, juntamente com o instrutor de pilates e fisioterapeuta Rafael Konofal, um exemplo de exercício que pode ser realizado tranquilamente em casa, com o auxílio de uma cadeira. A atividade ajuda a descomprimir as vértebras da coluna, auxiliando no prolongamento do nervo ciático. Veja nas imagens:

Exercício com bola de Pilates. Foto: Rafael Konofal.
O exercício feito no estúdio de pilates com a bola, também pode ser realizado em casa com um apoio de uma cadeira. Foto: Débora Correia.

O tratamento
De maneira geral, o tratamento para melhorar a qualidade de vida varia de acordo com a causa, os sintomas apresentados e a intensidade da dor. Inicialmente, é recomendado que o paciente repouse, evite carregar peso e permanecer muito tempo sentado. O médico pode receitar analgésicos e anti-inflamatórios, entretanto, é importante não se automedicar e sempre procurar atendimento apropriado, assim que surgirem sintomas.

O fisioterapeuta Rafael Konofal sugere, como prevenção, a prática de caminhadas leves pelos menos 3 vezes na semana, além de controle do peso, alongamento e fortalecimento dos músculos nas regiões lombares e coxas. Também, é importante a correção da postura e evitar a permanência na mesma posição por longos períodos.

Cuidado com automedicação
O médico Josimar Barbosa da Silva menciona que, em seu consultório, de 20 a 30% dos pacientes que buscam atendimento, estão com dores nas regiões lombar e ciática. Ele alerta para a importância de buscar atendimento médico, para que seja prescrito o anti-inflamatório adequado e a dose correta do medicamento. Silva conta que os pacientes acabam fazendo uso indiscriminado de remédios, o que pode trazer consequências graves para o organismo. Os riscos se agravam com a idade, pois com o passar do tempo, o paciente desenvolve outras doenças, além da dor no ciático.

O grande problema dos anti-inflamatórios são os efeitos colaterais. A medicação desinflama por desligar nossa resposta inflamatória, entretanto, as mesmas enzimas que estão ali naquele lugar inflamado, também estão presentes no muco que reveste o estômago da pessoa.  “O uso indiscriminado dos anti-inflamatórios acaba expondo a parede do estômago à acidez, o que pode levar à uma gastrite medicamentosa e até à uma úlcera gástrica e, inclusive, fazendo com que seja necessária intervenção cirúrgica”, explica o médico. Além disso, há risco de doença renal e até de morte.

O profissional chama atenção para o fato de que todo tratamento medicamentoso ajuda, em partes. A outra parte é o paciente que precisa assumir a parcela de responsabilidade, fazendo a correção da postura e mudança do estilo de vida. Ou seja, só o medicamento não será totalmente eficaz.

Segundo ele, existem, por parte do setor público, campanhas para controlar, orientar e evitar automedicação. A Assistência Farmacêutica que, dentre outros fatos, se preocupa com o uso racional dos medicamentos, apresenta um texto que diz: “A Política Nacional de Medicamentos conceitua o uso racional de medicamentos como o processo que compreende a prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e à preços acessíveis; a dispensação em condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade.”

Josimar Barbosa da Silvaacrescenta que, além dos cuidados com a medicação, o paciente precisa buscar ajuda para o tratamento o quanto antes. Uma dor não tratada e que persiste por mais de 3 meses, se torna um diagnóstico de dor crônica. Nesse sentido, o paciente pode desenvolver depressão, ansiedade e interferência em suas rotinas sociais. Nessa fase, uma equipe médica multidisciplinar será necessária para o tratamento.

Vamos movimentar o esqueleto
A Organização Mundial da Saúde (OMS), apresenta uma cartilha com Diretrizes para atividades física e comportamento sedentário, que estimula o movimento, fortalecimento e, consequentemente, o menor risco de ter um nervo inflamado e dolorido, como o caso do nervo ciático. Clique aqui para acessar a cartilha.

Desde 2006, em Maringá-PR, existem as ATIs — Academias da Terceira Idade, que se espalharam por diversos municípios brasileiros. Todos, independentemente da idade, podem fazer uso, colocando, assim, o corpo em movimento, proporcionando uma qualidade de vida melhor e contribuindo com a prevenção da inflamação e dor do nervo ciático.

Os aparelhos se encontram em locais públicos por diversos bairros e de maneira gratuita, para a população se exercitar. Os equipamentos possibilitam aos usuários exercícios para fortalecer, relaxar, alongar, dar agilidade e promover a flexibilidade da maioria dos músculos do corpo humano. A grande vantagem da ATI, é que o ritmo e a quantidade de exercícios são determinados pelo praticante. A maioria dos aparelhos necessita apenas de força para movimentá-lo.

Além disso, muitos municípios oferecem outros tipos de práticas esportivas, como natação, ginástica, torneios de futebol, entre outras. Cada pessoa pode buscar a que mais lhe agrada e se movimentar com mais frequência, evitando entrar para as estatísticas de dor no nervo ciático da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira.

Saiba mais


* Meu nome é Débora Correia, sou coordenadora de loja do Grupo Prever Sul e estudante de Jornalismo na Unicesumar. Sou formada em Tec. em Gestão de RH 2020, Tec. em Gestão Financeira 2012, Unicesumar. Teologia Básica 2018, IBADEP e em Docência dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental 2004, IEEM.

2 thoughts on “Mais de 60% da população pode sofrer com dor no nervo ciático, segundo a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira

  1. Que matéria interessante! Muito bom descobrir sobre novas formas de exercitar o corpo e quando auxilia a mente, melhor ainda. Parabéns ao redator, ficou excelente.

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