Casos de estelionato crescem 8,2% entre 2022 e 2023 no Brasil

Golpes bancários deixaram cerca de R$ 2,5 bilhões em prejuízo em 2022 e mais de 70% tem relação com o pix; saiba como evitar.

Autora: Ana Popazogo
Editora: Prof. Larissa Bezerra

No Brasil, os casos de estelionato tiveram uma alta de 8,2% entre 2022 e 2023, totalizando aproximadamente 1,9 milhão de ocorrências. Os casos de golpe virtual aumentaram 13,6% entre 2022 e 2023. Isso equivale a um golpe a cada segundo no país, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. A digitalização vem impulsionando esse tipo de crime, pois facilitou o acesso e ampliou o uso de tecnologias em transações diárias.

A linha azul representa o crescimento do estelionato geral; a linha vermelha tracejada mostra o aumento específico do estelionato virtual desde 2020. Fonte: gráfico gerado com Inteligência Artificial.

Para Lais Heloisa Scigliano, escrivã da Polícia Civil do Estado de São Paulo, é preciso chamar a atenção da população para o oferecimento de serviços ou vendas de mercadorias com ofertas exageradas. “Grandes ofertas acendem sinal de alerta para golpe”.

É recomendado sempre consultar o CNPJ da empresa em sites confiáveis, onde é possível verificar as informações e consultar registros de reclamações. Lais também recomenda evitar o pagamento via pix. “O ideal é a utilização de cartão de crédito virtual, onde ao menor sinal de golpe a compra pode ser contestada”.

Lais Heloisa Scigliano, escrivã da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Foto: arquivo pessoal.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de boletins de ocorrência de estelionato no Estado de São Paulo também cresceu. Em 2020, foram cerca de 271 mil casos, subindo para 415 mil, em 2021, e 495 mil em 2022. Em 2023, o estado alcançou cerca de 520 mil registros. Aproximadamente 60% desses casos foram golpes aplicados pela internet.

A linha sólida representa o total de casos de estelionato, enquanto a linha tracejada estima os casos realizados via internet. Fonte: gráfico gerado com Inteligência Artificial.

Fábio Araújo de Souza, morador da cidade de São Paulo, relata que em dezembro de 2023, um estelionatário utilizou o anúncio de venda do seu veículo para enganar um terceiro. O indivíduo estava conversando com Fábio, demonstrou interesse no veículo e negociou a venda do carro com outro homem como se fosse proprietário do veículo. Ele orientou Fábio a encontrar um conhecido seu que iria ver o veículo e, simultaneamente, instruiu o homem a se encontrar com a pessoa que faria a venda no nome dele.

No local o homem perguntou se o pagamento via pix seria destinado a uma mulher, o que Fábio negou. Depois de conversarem sobre a negociação, o homem notou que quase caiu em um golpe. “Ele iria mandar dez mil para o golpista e eu estava esperando o golpista me mandar 17 mil”, diz. Fábio relata que se sentiu “burro” por não perceber que estava conversando com um golpista.

A psicóloga Ciamara Poletti relata que os impactos psicológicos de pessoas que caíram em golpes podem ser diversos. “Os que mais acontecem são ansiedade, depressão, sentimento exagerado de culpa, perda de confiança e medo. O alto nível de stress pode contribuir para ocorrer transtorno de stress pós-traumático”. Ela recomenda o tratamento psicoterapêutico, pois, quando os sintomas se misturam pode ocorrer a síndrome do desamparo. “É necessário evitar a solidão e buscar apoio familiar e amizades”.

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