Empresa recolhe os objetos, que são reciclados e transformados em materiais para a construção civil.
Autor: Paulo Sava*
Editora: Prof. Larissa Bezerra
Você costuma jogar fora cartelas vazias dos medicamentos que consome? Em União da Vitória, no Paraná, elas podem ser trocadas por cadeiras de rodas, que são doadas para entidades beneficentes de mais de 20 cidades das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Se o coletor quiser, pode trocar por dinheiro, que também é repassado a instituições assistenciais.
A empresa Unicomper é a responsável por este projeto. Ela recolhe e recicla estes materiais, transformando-os em itens que podem ser utilizados na construção civil, como portas de PVC e outros materiais.
Osni de Souza, responsável pelo setor de compras da Unicomper, conta que o projeto surgiu de uma demanda da sociedade por uma destinação apropriada para as cartelas vazias de medicamentos. Antes disso, a empresa já utilizava essa matéria-prima, que era adquirida diretamente das indústrias farmacêuticas.

“Havia sobras deste material em várias ONGs e instituições que o recolhiam e não tinham para onde destinar. Há cerca de 2 anos, começamos este projeto e passamos a receber de ONGs, instituições e cooperativas estas cartelas vazias para darmos uma destinação apropriada, envolvendo as questões social e ambiental”, pontuou Osni.
Em média, segundo a empresa, são arrecadadas 5 toneladas de cartelas vazias de medicamentos por mês. Uma das maiores doações foi feita por voluntários de Presidente Prudente, município do interior de São Paulo. Eles reverteram o valor arrecadado em cestas básicas e outros materiais para ajudar a população em situação de vulnerabilidade social.
Caso o voluntário opte por receber a doação em dinheiro, a empresa oferece também o pagamento via transferência bancária ou depósito, de acordo com a necessidade da entidade beneficiada. Cada voluntário precisa arrecadar pelo menos 500 quilos de cartelas para trocar por uma cadeira de rodas.
Em Irati, também no Paraná, uma cadeira de rodas foi entregue no início do ano para a voluntária Valquíria Flores. Ela conta que se inspirou em uma reportagem sobre a troca de cartelas de medicamentos por cadeiras de rodas em Araçatuba-SP para lançar a campanha “Cartelas solidárias”, em 2019.

Posteriormente, uma campanha semelhante foi lançada em Piraí do Sul-PR, e tomou uma grande proporção. Por este motivo, Valquíria decidiu manter a campanha em Irati. No início de 2020, como havia pouca divulgação, a quantidade de materiais doados era pequena e as pessoas enviavam também outros objetos, como tampinhas, marmitas e até mesmo medicamentos vencidos. Assim, a voluntária precisava fazer uma triagem para deixar somente as cartelas vazias.
Durante a pandemia de Covid-19, em 2020, Valquíria decidiu dar um tempo no recebimento dos materiais, retomando a campanha em 2021. Neste período, ela avaliou o perfil de algumas instituições que poderiam receber a doação e optou pela Associação do Núcleo de Apoio ao Portador de Câncer de Irati (ANAPCI). A instituição presta apoio aos pacientes que estão em tratamento contra o câncer e às famílias. Na primeira coleta, Valquíria arrecadou 1,8 tonelada de cartelas e recebeu a primeira cadeira de rodas em abril de 2023.
A voluntária iratiense conheceu a campanha da Unicomper por meio das redes sociais, segundo Osni. “Ela ficou sabendo que nós fazíamos essa destinação, entrou em contato conosco e disse que tinha o material disponível, mas não tinha para quem doar. Foi aí que conversamos com ela, nos acertamos e fizemos a coleta.”
Valquíria demonstrou satisfação em poder participar da campanha. “Deu tudo certo, graças a Deus. Fiquei muito feliz e contente com o resultado. A campanha continua, estamos arrecadando mais ainda. No início foi lento, mas agora está bem avançado”, pontuou. Nos próximos dias, Valquíria deve receber uma nova doação de cadeiras de rodas.
A campanha também contribui para a preservação do meio ambiente, uma vez que este material vai para a reciclagem em vez de ser destinado para um aterro sanitário, por exemplo. “Eu penso muito no planeta, muita gente que não tem o hábito de fazer reciclagem em casa, joga no lixo comum. Isto vai contaminar o solo, os lençóis freáticos e coisas assim. Eu foco mais até na parte ambiental, porém fico muito contente de conseguir isto aí [as doações]”, afirmou.
Como doar
Em Irati, as doações podem ser feitas na residência de Valquíria, na Rua Doutor Correia, em frente ao antigo prédio da APAE, e também nos supermercados da rede G Center, no Colégio Estadual João XXIII da Vila São João, na Sapataria Irati e na Loja Nair. O Lions Club de Irati e o Consórcio Intermunicipal de Saúde de Irati (CIS/Amcespar) também são pontos de coleta.
Valquíria pede que outras pessoas ou empresários, especialmente do ramo farmacêutico, participem da campanha. “Seria bom que a pessoa se comprometesse a colocar um ponto de coleta e trouxesse as doações para mim depois”, comentou.
Saiba mais
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre esse trabalho poderá acessar o site unicomper.com.br, as redes sociais da empresa ou ligar para (42) 3523-6363.

*Paulo Sava é repórter, editor, produtor e locutor da Rádio Najuá de Irati Ltda. Atua há 21 anos no rádio e atualmente apresenta o programa Meio Dia em Notícias na Super Najuá FM 92,5 de Irati – Paraná.
Olá colega Paulo. Realmente, muito interessante e necessária a matéria. A natureza agradece atitudes sustentáveis como essa. Podemos dizer que esse é um exemplo de economia circular em que a otimização dos processos de fabricação dependem menos de matéria-prima virgem. Torcendo por mais atitudes como essa. Sucesso na jornada da comunicação.